Rally Mille Miglia 2003
M. Campos / C. Magalhães
Até 2003, o Mille Miglia foi um território privado dos italianos. Nenhum estrangeiro se tinha imposto nas difíceis estradas de montanha que rodeiam o lago de Garda, situado a norte do país.
O português Miguel Campos, ao volante de um Peugeot 206 WRC, quebrou a tradição e impôs-se depois de mil penalidades e contratempos.
A Peugeot regressou à elite dos rallies doze anos após ter obtido dois títulos consecutivos de marcas, em 1985 e 1986, e também de pilotos, com os finlandeses Timo Salonen e Juha Kankkunen, respetivamente, ao volante do 205 Turbo 16. E com a criação do 206 WRC, após ter desenvolvido outro modelo, o 306 Maxi kit car, e de criar toda a infra-estrutura necessária para enfrentar o Mundial com garantias. Depois de um ano de adaptação, o 206 arrasou e ganhou os três últimos títulos de marcas e o de pilotos em 2000 e 2002 com o finlandês Marcus Grönholm.
Contudo, a Peugeot também cobriu outras frentes da competição para além do Mundial. O Campeonato da Europa, que arranca com o célebre Mille Miglia italiano, é outro dos seus objetivos. Nunca, nas 26 edições anteriores, um piloto não italiano tinha alcançado a vitória neste rally, uma prova pontuável para o Europeu de Rallies que se disputa ao longo de 299 km de trocos cronometrados em torno das montanhas que rodeiam o lago de Garda.
Em 2003, o grande favorito à vitória era o experiente belga Bruno Thiry que, aos comandos do seu 206 WRC, dominava nos prognósticos. Também havia interesse por ver em ação, ao volante de um carro idêntico, o português Miguel Campos. Renato Travaglia, atual Campeão da Europa que havia vencido as duas últimas edições da corrida italiana, disputava este ano a categoria Super 1600. E Franco Cunico, seis vezes vencedos da prova, partia como favorito no grupo N com o seu Mitsubishi Lancer Evo VII. O piloto de Famalicão não começou bem o rally porque na primeira super especial (que serve para apresentar os concorrentes ao público e não deve incidir na classificação) foi penalizado com três minutos por um erro no percurso e só realizou duas voltas ao traçado em vez de três regulamentares. Contudo, isto não o impediu de começar a conseguir «scratchs» a partir dessa altura. Assim, no final do segundo dia já tinha subido do fundo da classificação para o quarto lugar graças a uma recuperação soberba, o que o obrigou a andar nos limites durante grande parte da prova. Os esforços de Miguel Campos foram igualmente compensados com a desistência de Thiry, o seu principal rival no Campeonato da Europa, que partiu a transmissão do seu 206 WRC.
A liderança passou para o italiano Luca Pedersoli, com um 306 que tinha sido de Travaglia, que no final da segunda etapa contava com pouco mais de cinquenta segundos sobre Campos, que não fazia mais que recuperar posições de forma imparavél. Ia decidir-se tudo no último dia, que começou muito mal para o piloto luso. Um erro numa curva da primeira especial e o seu carro embateu num rail de segurança danificando o pará-choques, o que provocou um pequeno furo numa roda e a perda de 28 preciosos segundos. Teve oportunidade de reparar a transmissão danificada e seguiu, obtendo os melhores tempos nas últimas especiais, para acabar por chegar à vitória com 22 segundos de vantagem sobre Pedersoli e ganhando os primeiros 200 pontos do campeonato. Completou o pódio Giandomenico Basso com o seu Fiat Punto. Assim, a Peugeot conseguiu colocar no pódio três carros diferentes, já que aos 206 e 306 Maxi de Miguel Campos e Pedersoli, respetivamente, se juntou o terceiro lugar Super 1600 de Renato Travaglia (206), que perdeu um minuto na penúltima especial por causa de um furo.
Pos.
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#
|
Entry
|
Car
Team |
Gr.
Cat. |
Time
Penalty |
Km/h
s/km |
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1.
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#4
|
Campos, Miguel -
Magalhães, Carlos
|
Peugeot 206 WRC
Peugeot Total Silver Team |
A8
|
3:35:49.7
|
83.1
|
||
2.
|
#23
|
Pedersoli, Luca -
Vernuccio, Daniele
|
Peugeot 306 Maxi
|
A7
|
3:36:12.1
|
83.0
0.07 |
||
3.
|
#6
|
Basso, Giandomenico -
Melegari, Zelindo
|
Fiat Punto S1600
|
A6
|
3:38:20.8
|
82.2
0.51 |
||
4.
|
#10
|
Longhi, Piero - Baggio,
Lucio
|
Subaru Impreza
STi
Aimont Racing Team |
N4
|
3:38:24.4
|
82.2
0.52 |
||
5.
|
#11
|
Cunico, Gianfranco -
Pirollo, Luigi
|
Mitsubishi Lancer Evo VII
|
N4
|
3:39:14.0
|
81.9
0.68 |
||
6.
|
#1
|
Travaglia, Renato -
Zanella, Flavio
|
Peugeot 206
S1600
F.P.F. Sport |
A6
|
3:39:14.8
|
81.9
0.69 |
||
7.
|
#12
|
Aghini, Andrea -
Roggia, Loris
|
Peugeot 206
S1600
F.P.F. Sport |
A6
|
3:39:28.1
|
81.8
0.73 |
||
8.
|
#7
|
Andreucci, Paolo -
Andreussi, Anna
|
Fiat Punto S1600
Procar |
A6
|
3:40:46.8
|
81.3
0.99 |
||
9.
|
#5
|
Galli, Gianluigi -
D'Amore, Guido
|
Mitsubishi
Lancer Evo VII
Ralliart Italia |
N4
|
3:41:36.9
|
81.0
1.16 |
||
10.
|
#20
|
Cantamessa, Luca -
Capolongo, Piercarlo
|
Renault Clio S1600
|
A6
|
3:43:12.3
|
80.4
1.48 |
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