Rally Taça dos Alpes 1964
J. Rolland / G. Augias
Em 1920, o engenheiro Nicola Romeo assumiu a direção da Anonima Lombarda Fabbrica Automobili (Alfa), criada dez anos antes. A partir da Década de 1930 conseguiu transformar esta marca numa lenda do desporto automóvel. Mitos do volante, com Nuvolari, Sommer, Chinetti, Ascari, Fangio, Farina ou Villoresi, participaram na história da marca, da mesma forma que Enzo Ferrari nos seus primórdios. A Taça dos Alpes de 1964, com Jean Rolland ao volante de um Alfa Romeo TZ, foi uma das muitas vitórias de prestígio que obteve na sua altura.
Fosse na qual fosse a modalidade, da resistência à F1, a Alfa Romeo caraterizou-se sempre pelo desenvolvimento da automóveis extraordinários.
Desde o Alfetta de 1500cc, concebido por Gioachino Colombo, até ao 33 V8 de dois e três litros do Campeonato Sport Protótipos da década de 1960.
Nesse período, a Alfa Romeo venceu quatro edições consecutivas das 24 Horas de Le Mans com o memorável «8C», que estava equipado com um motos de oito cilindros em linha e que tinha uma cilindrada de 2300cc. O Giulia Tubolare Zagato (GTZ) transformou-se num ícone dessa época não apenas pelas suas qualidades mecânicas e estéticas, mas também porque o seu palmarés foi um dos mais produtivos desse período. O seu design foi da responsabilidade de Elio e de Carlo Zagato, juntamente com Ercole Spada, e devido à sua forma foi conhecido como «coda tronca». Do desenvolvimento do motor encarregou-se Carlo Chiti, que já anteriormente criara o motor para o Ferrari GTO.
Os seus quatro cilindros em linha com dupla árvore de cames em liga leve tinham uma cilindrada de 1570cc para 112 cavalos nos modelos de homologação e 170 para os de competição, mais elaborados.
As suas dimensões, 1,51m de largura por 1,20m de altura e a sua leveza, 640 quilos, foram vitais para os triunfos que rapidamente chegariam, quer nos rallies quer nos circuitos.
Começou a impor-se logo nas primeiras provas em que participou. Em Outubro de 1963 monopolizou os quatro primeiros lugares na Taça Fisa, em Monza, pilotado por Lorenzo Bandini, Roberto Bussinello, Giancarlo Baghetti e Consalvo Sanesi. Um após o outro, sucederam-se os triunfos nas mais conceituadas provas. O rally siciliano Targa Florio, os 1000km de Nürburgring, as 24 Horas de Le Mans, a Taça InterEuropa, o Criterium de Cevennes, o Tour de Corse e a Taça dos Alpes são alguns exemplos de um arranque espetacular do TZ em competição.
A Taça dos Alpes, de grande prestígio na Europa em meados do século passado, era uma prova dura que ainda hoje se disputa com a participação de veículos clássicos. Partindo de Marselha, local onde a entidade organizadora tem a sede, a A.C. Marselha, percorria as paragens alpinas mais belas sobre um traçado presidido por subidas famosas, como as de Izoard, Galibier, Lautaret, Allos, Grand Saint Bernard ou Mont Ventoux, isto na primeira etapa. Na edição de 1964, a das bodas de prata da prova, Jean Rolland partiu com grande favorito e último vencedor na categoria máxima de Grande Turismo.
Quase 3400km de percurso dividido por três etapas, Marselha - Cannes, Cannes - Chamonix e Chamonix - Monte Carlo.
À exeção de uma breve incursão pela Suíça e Itália, praticamente todo o traçado decorria em território francês, sendo nesse ano suprimido o troço final em Monza e a passagem pelos colossos italianos como o de Stelvio ou o de Vivione.
A primeira etapa foi dominada pelos Porsche de Walter e Klaus, sendo este último o líder no final do dia, à frente do seu companheiro, mas com Rolland à espreita na terceira posição, devido à sua regularidade em todos os troços. Os abandonos mais importantes foram os de Bohringer, Trautmann, Greder e Mäkinen.
O percurso exigente continuou a fazer a sua seleção na segunda etapa, provocando abandonos e trocas de lugares na classificação geral. Primeiro foi Walter, que teve que abandonar devido a avaria e, assim, Rolland ascendeu ao segundo lugar, sempre atrás de Klaus. Porém, antes do final da etapa o francês assumiu a liderança.
Das 73 equipas que partiram de Marselha, apenas 36 chegaram a Chamonix e ainda faltava disputar a última etapa, para a qual só se apresentaram 34 concorrentes.
A dureza da terceira etapa fez estragos no Porsche de Klaus, que começou a ceder terreno e desistiu após uma saída de pista em Saint Martin. Com o primeiro lugar garantido, Rolland teve apenas que resistir à pressão do Austin Healey dos irmãos Morley e do Morris Cooper de Aaltonen. Na subida ao Izoard, Rolland passou um mau bocado no meio de um intenso nevoeiro, sofreu um despiste e foi ultrapassado pelos irmãos Morley, mas recuperou no cols de Allos e Braus. Subiu ao pódio acompanhado pelos Morley e por Aaltonen.
1º Jean Rolland/Gabriel Augias Alfa Romeo Giulia TZ
2º Vic Elford/David Stone Ford Cortina GT
3º Donald Morley/Erle Morley Austin-Healey 3000
4º Rauno Aaltonen/Tony Ambrose Mini Cooper S
5º Jacques Rey/Jean Pierre Hanrioud Porsche 356
6º Erik Carlsson/Gunna Palm Saab 850 Sport Monte Carlo
7º John Wadsworth/Peter Cooke Mini Cooper S
2º Vic Elford/David Stone Ford Cortina GT
3º Donald Morley/Erle Morley Austin-Healey 3000
4º Rauno Aaltonen/Tony Ambrose Mini Cooper S
5º Jacques Rey/Jean Pierre Hanrioud Porsche 356
6º Erik Carlsson/Gunna Palm Saab 850 Sport Monte Carlo
7º John Wadsworth/Peter Cooke Mini Cooper S
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