Rally San Remo 1978
M. Alen / I. Kivimaki
Foi com um conceito revolucionário que o Lancia Stratos entrou em cena: Tratava-se de um carro de linhas vanguardistas que quebrava as normas em vigor até então. a sua vida desportiva foi curta, mas intensa, obteve 17 vitórias no Mundial. Três títulos mundiais de marcas em 1974, 1975 e 1976, ano a seguir ao qual a marca lhe retirou o apoio mas, mesmo assim, o Stratos continuou a conquistar vitórias pelas mãos de equipas privadas.
O aparecimento do Lancia Stratos no Turin Show de 1970 provocou sensação no panorama dos rallies. Desenhado pelo famoso atelier Bertone, o seu conceito aproximava-o mais de um F1 do que de um carro de rallies convencional. Produto de inúmeros ensaios num túnel de vento para oferecer a menor resistência ao ar, o piloto sentava-se numa posição muito reclinada, mais de acordo com um bólide do que de um veículo de turismo. Para facilitar o acesso, o volante recolhia quando se abria a porta. Ao sentar-se no habitáculo, o piloto ajustava o volante e um sistema hidráulico fechava as portas. O seu nome estratosférico ficou a dever-se à sua aparência futurista.
Assim, Cesare Fiori, o diretor desportivo da Lancia que alcançara grandes êxitos com os Fulvia desde 1966, dispôs de uma nova arma para enfrentar os Porsche e os Alpine Renault. O Stratos foi o primeiro carro a seguir o caminho inverso, ou seja, não foi desenvolvido para ser vendido ao público e, depois, adaptado à competição.
Foi a partir de um protótipo criado expressamente para competir que depois se produziram os veículos suficientes (500) para poder ser homologado e participar em rallies internacionais.
Com o motor do Ferrari Dino 246, modelo que naquela época estava nos seus últimos dias , montado em cima do eixo posterior, a Lancia apresentou no Turin Show de 1972 um modelo já suficientemente testado com um motor Ferrari V6 de 2,4 litros e doze válvulas. No ano seguinte disputou alguns rallies na categoria de protótipos e venceu o Firestone de Espanha e o Tour de Corse com Sandro Munari ao volante, vitórias que se repetiram na Sicília e na Targa Fiorio até que a 1 de Outubro de 1974 a FIA baixou a quota para 400 veículos e pôde ser homologado. Foi então que o Stratos iniciou a sua saga triunfal no Mundial, que o levaria ao seu primeiro título de marcas, de três consecutivos, depois de Munari se impor em San Remo, Rideau Lakes (Canadá) e Tour de Corse. Além disso, ao volante do Stratos, Munari ganhou três rallies de Monte Carlo consecutivos (1975, 1976 e 1977).
A par de Munari, Jean Claude Andruet pilotou o Stratos em 1974 e em 1975 juntaram-se à equipa Raffaele Pinto e Björn Waldegaard. Darniche e Toni Fassina também correram com o Stratos numa equipa privada.
1976 foi o último ano mágico deste carro depois de arrasarem Monte Carlo ( tripla Munari, Waldegaard e Darniche), vitória de Munari em Portugal, tripla no San Remo com Waldegaard, Munari, Pinto e Fassina e «dobradinha« no Tour de Corse com Munari e Darniche. Era o terceiro e último título mundial do Stratos, cuja carreira triunfal terminou abruptamente quando a Fiat decidiu apostar no desenvolvimento do novo 131 Abarth. Apesar disso, o carro continuou a vencer até 1981, quando Darniche ganhou o Tour de Corse, prova que já havia ganho em 1975 e 1979 ao volante deste carro.
Markku Alen participou no Tour de Corse de 1978 ao volante de um Stratos depois de ter ganho com o 131 Abarth em Portugal e no Mil Lagos. A sua primeira vitória no Mundial foi com um 124 Spider em Portugal, rally que voltou a em 1977 e 1978 já com o 131 Abarth.
Além disso começou a forjar a sua lenda de «finlandês voador« depois de ganhar o Mil Lagos em 1976 e 1978 e de juntar o seu nome aos de Timo Mäkinen, Rauno Aaltonen e Pauli Toivonen. Nesse ano terminou a temporada com um Stratos e estreou-se ao seu volante no San Remo com objetivo de ocupar um lugar no pódio que lhe garantiria a Taça FIA, um ano antes da criação do Mundial de Pilotos que, paradoxalmente e apesar do seu extenso palmarés (20 vitórias no Mundial), nunca conseguiu ganhar.
No San Remo de 1978 a Fait e a Lancia partiram como grandes favoritas devido à ausência dos Ford de Waldegaard e Nicolas por problemas técnicos. A verdade é que só tiveram hipótese de vencer os três Fiat 131 Abarth de Munari, Rörhl e Verini juntamente com os Lancia Stratos de Alen e Adártico Vudafieri, o campeão italiano esse ano com um Lancia e cuja participação no San Remo foi um prémio pelo seu trabalho. No entanto, a liderança dessa edição do rally sofreu muitas mexidas.
O primeiro a liderar foi Sandro Munari, à frente do seu colega Walter Rörhl. Terminaram os dois o primeiro dia com Verini e Alen a mais de um minuto. A chuva torrencial dificultou ainda mais a prova e Munari despistou-se na última especial da segunda etapa, de 64km, onde houve vários abandonos.
O novo líder, Rörhl, estava numa posição cómoda, afastado de Vudafieri, que realizara uma boa recuperação, e de Verini, que começou a ceder. Alen mantinha-se no quarto lugar até que Rörhl sofreu uma saída de pista e não pôde retomar o rally. Vudafieri assumiu a liderança, com Alen em segundo a mais de quatro minutos. Porém, o italiano teve a mesma sorte dos seus antecessores e foi um Markku Alen muito cauteloso, porque queria garantir um lugar no pódio para ganhar a Taça FIA, que acabou por conquistar a vitória. Verini, o segundo, obteve os pontos necessários para a Fiat vencer o seu segundo título de marcas.
Pos | Nr | Driver/Car | Nat | Gr | Time | Pen. |
1st | 4 | Alen, Markku Lancia Stratos HF | FI | G4 | 10h 53m 28s | --:-- |
2nd | 1 | Verini, Maurizio Fiat 131 Abarth | IT | G4 | +10m 32s | --:-- |
3rd | 10 | Vincent, Francis Porsche 911 | FR | G4 | +17m 03s | --:-- |
4th | 24 | Brambilla, Alberto Porsche 911 | IT | G3 | +34m 24s | --:-- |
5th | 9 | Pregliasco, Mauro Alfa Romeo Alfetta GT | IT | G2 | +37m 20s | --:-- |
6th | 21 | Presotto, Angelo Ford Escort RS2000 | IT | G1 | +52m 49s | --:-- |
7th | 44 | Gardavot, Christian Porsche 911 | FR | G3 | +53m 58s | --:-- |
8th | 75 | Lunel, Christian Opel Kadett GT/E | FR | G1 | +1h 14m 48s | --:-- |
9th | 31 | Pons, Fabrizia Opel Kadett GT/E | IT | G1 | +1h 16m 44s | --:-- |
10th | 56 | Alberti, Charles Opel Kadett GT/E | FR | G2 | +1h 37m 28s | --:-- |
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