Rally do Brasil 1981
G. Fréquelin / J. Todt
À primeira vista o Sunbeam parecia mais um utilitário do que um carro de rally mas, apesar de a sua carreira ter sido fugaz, foi bem sucedida no Mundial de Rallies porque venceu o título de marcas em 1981 e depois disso abandonou a competição ao mais alto nível. A eficácia, sobretudo nas provas de terra, e uma regularidade exemplar foram o segredo do seu maior êxito desportivo.
Na verdade, em duas épocas o Talbot Sunbeam Lotus obteve duas vitórias, no RAC inglês de 1980, com Henri Toivonen e no Rally da Argentina de 1981, com Guy Fréquelin ao volante. No entanto, as boas classificações, ocupando quase sempre lugares no pódio, foram decisivas para que acabasse em sexto no Mundial de Marcas de 1980, quando passou para a categoria máxima desta especialidade, e liderasse no fim da temporada de 1981. Em 1977, a Sunbeam fazia parte da divisão europeia da Chrysler, e Desmond O'Dell era um irlandês lutador com a cabeça cheia de ideias que trabalhou no departamento de competição da Aston Martin e com John Wyer.
Obteve os primeiros êxitos a preparar o Chrysler Avenger, um modelo que, apesar de começar a dar sinais de declínio, venceu três títulos «Touring Cars» com O'Dell.
O aparecimento do Sunbeam, uma pequena berlina que se assemelhava ao Simca Horizon, deu-lhe a ideia de incorporar o motor Lotus de 2,2 litros, dupla árvore de cames e 16 válvulas.
Colin Chapman, responsável pela Lotus, não viu inconveniente em aceder ao pedido de O'Dell. Em Julho de 1979, o novo carro de rallie já se tinha destacado nas primeiras provas em que participara e a Chrysler decidiu fabricar outros 399 para o poder homologar no Grupo 4.
No entanto, o seu nome original, Chrysler-Simca Sunbeam Lotus, depressa teve que ser mudado, e os logotipos trocados, porque a PSA, proprietária da Chrysler Europa, decidiu que a partir desse momento essa parte do grupo passava a denominar-se Talbot, e por isso o carro foi baptizado como Talbot Sunbeam Lotus. Felizmente não passou de uma alteração de nome, uma vez que a política desportiva se manteve. A produção aumentou e depressa chegou às mil unidades, o que lhe permitiu competir nos grupos 1 e 2.
Apesar da modéstia dos seus meios, que foi um dos méritos da equipa de O'Dell, impôs-se na época de arranque do Audi Quatro, um carro que revolucionou o mundo dos rallies. Dizia-se que o Sunbeam já estava mais do que ultrapassado mas, juntamente com o Opel Ascona, foi o melhor dos carros convencionais. Os dois anos de atividade do Sunbeam coincidiram com o declínio dos Escort RS 1800, com o qual travou duelos memoráveis e também com os Fiat 131 Abarth.
Em 1981, o carro obteve a vitória no Rally da Argentina com Guy Fréquelin, um piloto que começou a despontar tarde, com mais de trinta anos. Após vários anos dos seus três troféus franceses em 1977 (os outros conquistou-os em 1983 e 1985) com um Alpine A310 V6. Em 1978 e 1979 foi piloto oficial dos Renault 5 Alpine, tendo como melhor resultado um terceiro lugar no Monte Carlo de 1978, atrás do seu companheiro de Jean Ragnotti. Em 1980 assinou pela Talbot com Jean Todt como co-piloto, e foi em equipa com ele que alcançou os maiores êxitos, que culminaram no ano seguinte na Argentina com a vitória no único rally mundial da sua trajetória desportiva. Nesse ano, além de dar à Talbot o único Mundial de Marcas, para o qual também contribuiu muito o seu colega Henri Toivonen, que se sagrou o Vice-campeão a 7 pontos do seu rival e amigo Ari Vatanen, aos comandos de um antigo Escort RS 1800, que vencia o único título mundial de pilotos da sua carreira.
Em 1981, os Talbot não eram favoritos a qualquer título, ao contrario dos Audi, mas erros de juventude retiraram à marca alemã hipóteses de se bater pelo campeonato e o Mundial mudou de panorama, sobretudo depois de na Acrópole os Audi de Hannu Mikkola e Franz Witzman terem sido desclassificados por lhes terem sido instaladas umas gralhas de refrigeração proibidas. O Mundial chegou à Grécia com Fréquelin à frente da classificação de pilotos e a Talbot, na de marcas. Os seus segundos lugares em Monte Carlo e na Córsega, e o quarto na Acrópole, catapultaram o francês para uma posição que ninguém poderia imaginar no início da temporada.
Nesse ano, o Rally da Nova Zelândia foi substituído pelo do Brasil, e por isso realizou-se uma mini tournée sul-americana que incluiu também o Rally da Argentina.
Estas duas provas não estavam previstas no programa da equipa Talbot, mas fez-se um esforço dada a excelente classificação dos seu pilotos na geral. Fréquelin venceu na Argentina, apesar de correr com um colar cervical devido a um acidente que sofreu durante os treinos, mas Vatanen, que vencera na Acrópole, facilitou-lhe a vida porque se despistou. Contudo, no Brasil os papéis inverteram-se, e o finlandês acabou por bater o piloto da Talbot num rally muito duro, no qual apenas terminaram 19 das 76 equipas presentes à largada. Fréquelin ficou em segundo e manteve a liderança com 26 pontos de vantagem sobre o seu mais direto rival. O título acabou por ir parar a Vatanen, que também venceu o Mil Lagos, e cujos segundos lugares na Suécia e no RAC foram decisivos para ganhar o campeonato.
Pos | Nr | Driver/Car | Nat | Gr | Time | Pen. |
1st | 2 | Vatanen, Ari Ford Escort RS1800 | FI | G4 | 9h 39m 40s | --:-- |
2nd | 1 | Frequelin, Guy Talbot Sunbeam | FR | G2 | +8m 31s | --:-- |
3rd | 6 | de Vitta, Domingo Ford Escort RS | UY | G4 | +40m 46s | --:-- |
4th | 4 | Recalde, Jorge Datsun 160J | AR | G2 | +1h 07m 10s | --:-- |
5th | 8 | Torres, Carlos Ford Escort RS | PT | G1 | +1h 31m 05s | --:-- |
6th | 22 | Trelles, Gustavo Fiat 147 | UY | G2 | +2h 26m 55s | --:-- |
7th | 18 | Maglione, Horacio Peugeot 504 | AR | G2 | +2h 46m 24s | --:-- |
8th | 12 | Berges, Julio Fiat 147 | UY | G2 | +2h 55m 35s | --:-- |
9th | 35 | Zacarias, Maria-Carmo Volkswagen Gol | BR | G2 | +3h 40m 44s | --:-- |
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