sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

PEUGEOT 205 TURBO 16 E2

Rally Mil Lagos 1986
T. Salonen / S. Harjanne



O Peugeot 205 Turbo 16 revolucionou o panorama dos rallies devido às suas dimensões de utilitário com umas elevadíssimas performances. Era uma «bomba» fácil de manobrar e que teve um rendimento extraordinário nas três temporadas do Mundial em que esteve no ativo, até à supressão do Grupo B. Em três anos, quatro títulos, dois de pilotos e outros dois de marcas, configuram um palmarés tão difícil de igualar como são difíceis de esquecer as grandes atuações deste modelo. Em 1987 a sua categoria foi abolida e o Mundial não voltou a ser o mesmo.
Depois de competir no Mundial desde 1974 com o 504, que obteve várias vitórias em provas africanas, em 1981 o grupo PSA encomendou a Jean Todt uma versão desportiva de um novo utilitário que tinha começado a ser comercializado, o 205. Com a experiência de Todt nasceu um carro que ao longo de três temporadas (1984-1986) obteve nada mais nada menos que 16 vitórias no Mundial, com dois títulos para os seus pilotos (Timo Salonen em 1985 e Juha Kankkunen em 1986) e o título Mundial de marcas dois anos citados.
Com um motor de 340cv com tração total, destronou os Audi do Grupo B devido à sua versatilidade em qualquer tipo de piso. Os grandes carros que tornaram mítica essa categoria (Peugeot 205, Audi Quattro, Lancia Delta) retiraram-se totalmente devido à decisão da FIA de eliminar este grupo após a morte de Henri Toivonen e o seu co-piloto Sergio Cresta no Tour de Corse de 1986 ao volante de um Delta S4.


O 205 foi o primeiro do seu grupo a adoptar uma posição central transversal do motor. A sua manobrabilidade e uma distribuição correta de pesos foram a chave para a conquista de tantos triunfos. O carro estreou-se em 1984 com Ari Vatanen e Jean Pierre Nicolas como pilotos oficiais. No Mil Lagos, a nona prova da época, obteve a vitória com o finlandês ao volante, feito que repetiu no San Remo, e encerrou a temporada com uma vitória no RAC Rally britânico. Porém, foi a Audi que arrasou, obtendo o título de construtores e o de pilotos, ganho por Stig Blomqvist. A marca alemã alcançou sete vitórias em doze provas, repartidas entre Stig Blomqvist (cinco), Walter Röhrl e Hannu Mikkola com uma cada um.
Em 1985, a equipa foi reforçada com Timo Salonen e Bruno Saby. Salonen veio da Datsun onde, em 1980, obtivera duas vitórias na Nova Zelândia com um 160J e na Costa do Marfim com um Violet GT. A sua primeira vitória no Mundial obteve-a em 1977 no Canadá com um 131 Abarth.
Contudo, foi Vatanen quem começou por vencer, em Portugal e na Suécia, e Salonen ganhou em Portugal. Três vitórias em três provas, melhor era impossível.
O sétimo lugar de Salonen no safari, terreno muito difícil, e o segundo de Saby mais não foram do que uma pausa num período de vitórias. Desta vez foram quatro consecutivas, todas assinaladas por Salonen, Acrópole, Nova Zelândia, Argentina e Mil Lagos.
Algo que ninguém voltou a conseguir.
O gravíssimo acidente de Vatanen na Argentina, que quase lhe custou a vida e o manteve um ano e meio afastado da competição, fez com que a Peugeot se virasse para Salonen, que já liderava o Mundial quando Vatanen sofreu o acidente.


O finlandês sagrou-se Campeão do Mundo com 127 pontos, contra os 75 de Stig Blomqvist e do seus Audi Quattro.
O ano de 1986 começou para Salonen com um segundo lugar em Monte Carlo e uma série de quatro abandonos consecutivos. Sem hipóteses de chegar ao título, que foi para Juha Kankkunen, que se transferira da Toyota para substituir o lesionado Vatanen, Salonen deu tudo por tudo no Mil Lagos, diante do seu público, e voltou a ganhar como no ano anterior.
Contudo o seu compatriota Markku Alen (Lancia Delta S4) foi o primeiro líder depois de vencer as dez especiais da primeira etapa, um feito insólito, mas a vantagem sobre Juha Kankkunen, o segundo, era de pouco mais de meio minuto e um pouco mais sobre Salonen, o terceiro. Na segunda etapa Salonen passou ao ataque, ganhou doze troços cronometrados e arrebatou o segundo lugar ao seu companheiro, ficando apenas a 19'' de Alen, que com grande dificuldade aguentou num piso que a chuva deixou muito escorregadio e no qual Salonen, além de o conhecer na perfeição, se mostrou muito mais seguro. A Peugeot jogava no Mil Lagos o título de marcas e Kankkunen estava perto do de pilotos. A última etapa foi decisiva e Alen não aguentou a pressão a que os Peugeot o submeteram, que só procuravam uma falha do líder da prova, falha que ocorreu no 35º troço, quando o piloto da Lancia perdeu mais de três minutos devido a uma saída de estrada. A partir dessa altura, os Peugeot correram para manter a posição face à reação furiosa de Alen, que teve de se contentar com o terceiro lugar e ver como Kankkunen reduziu cinco pontos para a geral do Mundial de Pilotos que acabaria por vencer. Nesse ano Salonen acabou em terceiro, depois de vencer o último rally do ano, o RAC. Depois de o Grupo B ter desaparecido, Salonen pilotou para a Mazda e Mitsubishi.




Pos  Nr  Driver/Car  Nat   Gr  Time  Pen. 
 1st  1  Salonen, Timo
 Peugeot 205 Turbo 16 E2
   FI   B    3h 32m 45s    --:-- 
 2nd  3  Kankkunen, Juha
 Peugeot 205 Turbo 16 E2
   FI   B    +24s    --:-- 
 3rd  2  Alen, Markku
 Lancia Delta S4
   FI   B    +1m 45s    --:-- 
 4th  5  Blomqvist, Stig
 Peugeot 205 Turbo 16 E2
   SE   B    +2m 37s    --:-- 
 5th  7  Ericsson, Mikael
 Lancia Delta S4
   SE   B    +8m 26s    --:-- 
 6th  4  Grundel, Karl
 Lancia Delta S4
   SE   B    +9m 50s    --:-- 
 7th  8  Eklund, Per
 MG Metro 6R4
   SE   B    +10m 58s    --:-- 
 8th  17  Toivonen, Harri
 MG Metro 6R4
   FI   B    +19m 34s    --:-- 
 9th  14  Lampi, Lasse
 Audi Coupe
   FI   A    +21m 40s    --:-- 
 10th  9  Wilson, Malcolm
 MG Metro 6R4
   GB   B    +23m 17s    --:--

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