Rac Rally 1986
J. McRae / I. Grindrod
A grande tradição britânica em termos de desportos motorizados deve-se em grande parte à marca MG. Desde os seus primeiros tempos que esta marca participou em competições, atitude que se tem transmitido ao longo das décadas. Em plena época de expansão dos rallies, com os míticos carros do Grupo B, a marca inglesa realizou várias incursões no Mundial de Rallies animada pela sua supremacia nas provas na Grã-Bretanha. Participou com o MG Metro 6R4, um carro que fez história e que se revelou polivalente dada a sua eficácia em diferentes modalidades.
A competição é uma constante na história da MG. Esta tradição nasceu quando em 1922 Cecil Kimber foi nomeado manager geral da Morris Garages.
No ano seguinte o próprio Kimber assumiu o volante de um Sports Morris Chummy, um modelo com motor de 12cv e suspensão rebaixada, e venceu a medalha de ouro do Land's End Trial, organizado pelo Motor Cycling Club's (MCC). Este êxito foi a faísca daquilo que ainda hoje é uma carreira desportiva sobre a qual muito se continua a escrever. Todo o tipo de competições: resistência, rallies e recordes de velocidade. O aparecimento do MG Metro no princípio da década de 1980 marcou o início de uma nova época após os êxitos alcançados na década de 1960. Em 1983, Tony Pond realizou uma grande temporada com a versão Turbo do MG Metro no Trimoco Saloon ar Championship. Patrick Watts recebeu o testemunho no ano seguinte, o mesmo em que surgiu a versão 6R4, um três litros V6 com tração integral concebido por John Davenport, diretor de competição, e desenvolvido por Patrick Head e Williams Grand Prix Engineering.
O motor derivava do Rover V8 e foi montado no espaço ocupado pelos bancos detrás.
Num país com a Grã-Bretanha, com grande tradição nos desportos motorizados, a atuação de Pond no RAC Rally de 1985 com um 6R4 de 400cv desencadeou um verdadeiro fervor popular que atraiu mesmo aqueles que não eram adeptos dos desportos motorizados.
O departamento de competição da MG centrava-se na participação em provas britânicas e raramente marcava presença em rallies internacionais. Onde o MG Metro mais se destacava era na especialidade de rallycross, na qual arrasou e ainda hoje é uma referência. Além disso, brilhou em rampas e corridas de sprint.
A presença do carro no Mundial limitava-se basicamente ao RAC britânico e o terceiro lugar de Pond em 1985 foi o ponto mais alto na curta vida do carro, enquadrado no mítico Grupo B que desapareceu em 1987 por decisão da FIA após uma série de trágicos acidentes. Nessa prova Pond ficou atrás do malogrado Henri Toivonen (faleceu meses depois, no Tour de Corse de 1986) e de Markku Alen, que conduziam os Delta S4. Os rivais do carro eram modelos míticos que ficaram na História por terem marcado a época mais espetacular do rallies. Os Audi Quattro, Peugeot 205 T16, Lancia Rally 037 ou Toyota Celica foram os dominadores durante esses anos.
A presença na prova britânica do Mundial era um simples fait drivers em comparação com o domínio que o carro exerceu no calendário inglês. Porém, após o sucesso no RAC de 1985, a Austin Rover decidiu tomar parte num número limitado de rallies do Mundial em 1986 e com o objetivo de realizar um esforço maior no ano seguinte. Com o desaparecimento do Grupo B terminou a presença deste carro no Mundial, no entanto este modelo continuou a participar em provas britânicas e irlandesas, tornando-se uma verdadeira lenda.
Em 1986, Jimmy McRae, pai de Colin e cinco vezes campeão britânico de rallies, e David Llewelin pilotaram os Metro 6R4 no circuito irlandês de rallies, e a concorrência com os Opel Manta 400 e os Ford RS200 foi muito grande. No RAC desse ano a Austin fez um brilharete, talvez sabendo que seria a sua última participação no Mundial após o anúncio do desaparecimento do Grupo B em 1987, e alinhou com oito pilotos: Tony Pond, Malcolm Wilson, David Llewellin, Jimmy McRae, Eklund, Duez, Harri Toivonen e Teesdale. Contudo, o ambiente era triste, de despedida após a decisão de Jean Marie Balestre, presidente da FIA, de proibir a participação na temporada seguinte dos carros do Grupo B.
Os MG encontraram pela frente os potentíssimos Peugeot 205 T16 e Lancia, que jogavam tanto o título de pilotos (com Kankkunen e Alen) como o de Marcas. A luta foi renhida logo a partir do primeiro troço e os MG tiveram que se contentar a vê-la de longe, com os quatro primeiros (Ericsson e Alen, da Lancia, e Salonen e Kankkunen da Peugeot) separados por apenas cinco segundos após a disputa da segunda etapa. No final da terceira, o panorama aclarou quando ficaram só dois pilotos separados por nove segundos, Salonen (Peugeot) e Alen (Lancia). Os Metro constituíam o grosso do grupo perseguidor e realizaram uma prova muito regular, acabando por colocar quatro carros (Pond, Eklund, McRae e Llewellin por esta ordem) entre os dez primeiros, do sexto ao nono, e por ganhar o prémio para a melhor equipa. A vitória final foi para Salonen, seguido por Alen e Kankkunen, que lutaram pelo título na última prova, o Olympus dos Estados Unidos, que se saldou pelo triunfo de Alen, embora o título tenha ido para Kankkunen. O primeiro dos quatro do finlandês e também o primeiro da marca francesa.
Pos | Nr | Driver/Car | Nat | Gr | Time | Pen. |
1st | 1 | Salonen, Timo Peugeot 205 Turbo 16 E2 | FI | B12 | 5h 21m 11s | --:-- |
2nd | 3 | Alen, Markku Lancia Delta S4 | FI | B12 | +1m 22s | --:-- |
3rd | 5 | Kankkunen, Juha Peugeot 205 Turbo 16 E2 | FI | B12 | +6m 05s | --:-- |
4th | 11 | Sundstrom, Mikael Peugeot 205 Turbo 16 E2 | FI | B12 | +6m 31s | --:-- |
5th | 6 | Grundel, Karl Ford RS200 | SE | B12 | +8m 21s | --:-- |
6th | 4 | Pond, Tony MG Metro 6R4 | GB | B12 | +9m 03s | --:-- |
7th | 17 | Eklund, Per MG Metro 6R4 | SE | B12 | +12m 01s | --:-- |
8th | 15 | McRae, Jimmy MG Metro 6R4 | GB | B12 | +13m 57s | --:-- |
9th | 14 | Llewellin, David MG Metro 6R4 | GB | B12 | +19m 27s | --:-- |
10th | 7 | Carlsson, Ingvar Mazda Familia 4WD | SE | A8 | +39m 22s | --:-- |
Sem comentários:
Enviar um comentário