Rally Tour de Corse 1987
B. Beguin / J. J. Lenne
Bernard Beguin, um polivalente piloto francês que brilhou nos circuitos e não fez má figura nos rallies, deu à BMW a sua segunda vitória num Mundial de Rallies, depois da do alemão Achim Warmbold no Rally dos Alpes de 1973. O interesse da marca alemã concentrou-se nos circuitos e a sua presença nos rallies deveu-se sempre a iniciativas de equipas privadas. Contudo, o M3 mostrou estar à altura dos melhores no asfalto, piso onde melhor se desenvolve.
A BMW nunca se interessou pelo mundo dos rallies. A equipa alemão centrou sempre a sua vertente competitiva nos circuitos e o seu cenário habitual no aspeto desportivo foi o Campeonato da Europa de Turismo. De fato, sempre que um BMW competiu num rally foi a título privado, sem apoio oficial da marca.
O BMW M3 nasceu em meados de 1980 para substituir o M635 CSi, que entretanto ficara ultrapassado, na luta pelo Europeu de Turismo. Além disso, o regulamento do grupo A obrigou a desenvolver um novo modelo.
Mal nasceu, impôs-se nos circuitos. Basta dizer que este carro conquistou 1436 vitórias em corridas de Superturismo, entre as quais se destaca um Campeonato do Mundo, outro europeu e dois alemães no áureo período de 1987 - 1992. A suspensão do grupo B no Mundial de Rallies levou a equipa Prodrive, do Britânico David Richards, a atrever-se a desenvolver o M3, com qual competia no campeonato britânico de turismo, a ponto de o tomar competitivo no único rally totalmente sobre asfalto que existia naquele momento: o Tour de Corse.
O M3 era um carro muito potente a altas rotações, leve e manobrável, com um motor de 260cv e a sua tração traseira obtinha uma grande aderência no asfalto.
Conquistou vários campeonatos nacionais na década de 1980 e princípios da de 1990 (França, Bélgica e Espanha), mas sempre com equipas privadas e sem apoio da marca.
Bernard Beguin, por seu lado, chegou aos rallies depois de ter brilhado nos circuitos, tal como o M3. Sentou-se ao seu volante em 1983 depois de uma trajetória excelente que teve início no princípio da década de 1970 na Fórmula 3 francesa. Foi sempre um piloto multidisciplinar que soube alternar a sua presença nos rallies e nos circuitos, competindo quer em Turismo quer em provas de resistência. Quando optou pelos rallies sabia que tinha de ser ele próprio a procurar o financiamento necessário para correr com um mínimo de competitividade. Durante anos o francês foi o protótipo do piloto privado que se batia com os oficiais nas grandes provas. O seu palmarés mundial reduz-se à sua vitória no Tour de Corse de 1987, mas foi quatro vezes Campeão de França, e entre o primeiro e o último título que conquistou passaram-se catorze anos.
Obteve a sua melhor classificação num Mundial em 1987, quando acabou em quarto. Beguin apenas disputava duas provas do Mundial: Monte Carlo e a Córsega, mas também participou no San Remo de 1995.
De fato, só correu treze provas pontuáveis do Campeonato do Mundo entre 1979 e 1996, quando se retirou com quase cinquenta anos. Iniciou-se nos rallies com um Alfetta e em 1977 guiou um Porsche 911 e um Alpine no campeonato francês. Em 1980 foi vice-campeão da Europa com um Porsche 911 após uma dura luta com António Zanini, com um carro idêntico.
Em 1983 pilotou pela primeira vez um BMW M1 no Rally da Córsega mas teve que abandonar com o motor partido. Dois anos depois, com um Porsche 911 SC RS, ficou em terceiro na mesma prova e em 1987 teve o seu momento de glória com a estreia mundial do M3. Mas esse Tour de Corse continuou ensombrado pela tragédia que o precedia, em 1985 faleceu Attilio Bettega e em 1986 Henri Toivonen e o seu co-piloto Sergio Cresto, e nele perdeu a vida Jean Michel Argenti, co-piloto do modesto piloto local Jean Marchini, que sofreu feridas graves ao perder o controlo do seu carro e cair por uma ravina de 50 metros no troço de Borgo. Viu-se logo que o rally ia ser um duelo entre o ídolo local Yves Loubet (Lancia) e Bernard Beguin com o seu co-piloto Jean Jacques Lenne. Loubet acabou a primeira etapa com apenas 12 segundos sobre Beguin, que cimentou a vitória no segundo dia, acabando como líder com 1'54'' em relação a Loubet.
Para Beguin, a terceira e última etapa foi uma mera formalidade, pois aumentou a sua vantagem em relação a Loubet, que ficou com a caixa de velocidades do seu Lancia bloqueado em terceira, quando faltavam apenas 5 km para o final do rally. Miki Biasion, foi terceiro classificado, completou o pódio.
Pos | Nr | Driver/Car | Nat | Gr | Time | Pen. |
1st | 10 | Beguin, Bernard BMW M3 | FR | A8 | 7h 22m 30s | --:-- |
2nd | 9 | Loubet, Yves Lancia Delta HF 4WD | FR | A | +2m 08s | --:-- |
3rd | 6 | Biasion, Massimo Lancia Delta HF 4WD | IT | A | +2m 28s | --:-- |
4th | 3 | Ragnotti, Jean Renault 11 Turbo | FR | A | +2m 41s | --:-- |
5th | 8 | Chatriot, Francois Renault 11 Turbo | FR | A | +4m 35s | --:-- |
6th | 14 | Duez, Marc BMW M3 | BE | A | +15m 28s | --:-- |
7th | 15 | Sainz, Carlos Ford Sierra RS Cosworth | ES | A | +18m 46s | --:-- |
8th | 11 | Auriol, Didier Ford Sierra RS Cosworth | FR | A | +21m 46s | --:-- |
9th | 16 | Oreille, Alain Renault 11 Turbo | FR | A | +27m 38s | --:-- |
10th | 19 | Poggi, Laurent Volkswagen Golf GTi | FR | A | +30m 22s | --:-- |
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