quinta-feira, 22 de março de 2012

MITSUBISHI LANCER EVO III

T. Mäkinen / S. Harjanne
Rally Mil Lagos Finlândia 1996



O Mitsubishi Lancer é, sem margem de dúvidas, um carro mítico na história dos rallies. Entre os anos de 1996 e 1999 deu um título de marcas à fábrica nipónica e quatro de pilotos, consecutivos, a Tommi Mäkinen. Além disso, o Lancer foi sete vezes Campeão do Grupo N no Mundial. Com o Evo III venceu o primeiro campeonato e com o VI o último, em 1999.
O primeiro Lancer Evo apareceu em 1993 para substituir o Galant VR-4 como carro oficial da Mitsubishi para o Mundial de Rallies. Somou 25 vitórias e ao longo de quatro anos a sua supremacia foi incontestável. O primeiro Evo, no ativo de 1993 a 1994, pesava menos 180 quilos que o seu antecessor, o Galant. A potência do modelo seguinte (1995) foi aumentada para 260cv e houve o compromisso de aumentar 10cv em cada evolução posterior. Foi notória a melhoria da estabilidade e da aerodinâmica. Neste aspeto trabalhou-se muito a fundo no Evo III, dado que as velocidades nas provas aumentavam cada vez mais. Reduziu-se a distância ao solo e instalou-se um aileron traseiro de maiores dimensões.
A primeira vitória do carro no Mundial foi obtida por Kenneth Eriksson no Rally da Suécia de 1995. O mesmo Eriksson triunfou nesse ano na Austrália, colocando a Mitsubishi em segundo no Mundial de Marcas e o sueco acabou no terceiro lugar.


No ano seguinte teve início a era Mäkinen, que duraria quatro anos. Em 1996 o finlandês triunfou por cinco vezes, Suécia, Quénia (Safari), Argentina, Finlândia e Austrália, e isso valeu-lhe para conquistar o seu primeiro título de Campeão do Mundo.
Com cinco anos, este finlandês nascido a 26 de Junho de 1964 já conduzia tratores porque os seus pais tinham uma exploração agrícola. Começou a competir em corridas de tratores e sagrou-se campeão do seu país desta especialidade em 1982 e 1985, ano em que se estreou no rallies. Passados dois anos, estreou-se no Mundial no rally do seu país, o Mil Lagos, ao volante de um Lancia Delta Integrale. Nessa temporada sagrou-se Campeão nacional.
A sua carreira desportiva sofreu uma importante viragem em 1990 quando se associou ao seu compatriota Seppo Harjanne como co-piloto, um navegador que já foi Campeão do Mundo em 1985, ao lado de outro compatriota, Timo Salonen. Mäkinen e Harjanne começaram a disputar a Taça FIA do Grupo N, carros de série, com um Mitsubishi Galant VR-4. Participaram em cinco provas, ficaram duas vezes entre os dez primeiros e ganharam a sua categoria por três vezes.
Em 1994 Mäkinen assinou pela Ford para disputar apenas duas provas, o Mantta Rallye e o Mil Lagos, e ganhou ambas. Assim os responsáveis da Mitsubishi Ralliart contrataram-no em 1995, temporada em que ficou em quinto no Mundial. Na época seguinte, ao volante de um Mitsubishi Lancer Evolution III, tornou-se o piloto principal da marca japonesa e sagrou-se Campeão do Mundo depois de vencer cinco das nove provas: Suécia, Quénia (Safari), Argentina, Finlândia e Austrália.
Mäkinen partiu como o grande favorito para o Mil Lagos de 1996, pois tinha sido o vencedor das duas edições anteriores, em 1994 com um Escort RS e em 1995 já com o Lancer.


Contudo, após a primeira etapa foi outro finlandês, Juha Kankkunen, que com um Toyota Celica liderou a classificativa com 41 segundos sobre Mäkinen. Kankkunen não podia pontuar na classificação de marcas, porque nesse ano a Toyota foi suspensa pela FIA, mas só na de pilotos. Kankkunen ganhou sete das onze primeira especiais e chegou a ter quase um minuto de vantagem.
Na segunda etapa do rally viu-se bem que a luta pela vitória seria travada a dois: Mäkinen assumiu a liderança a meio da jornada e terminou com apenas 12 segundos de vantagem em relação a Kankkunen quando ainda faltava um dia de prova. Os outros pilotos estavam todos a mais de dois minutos dos líderes.
No último dia do rally, Mäkinen preocupou-se em controlar o único piloto que o poderia derrotar. Não só o controlou com também aumentou a diferença para 46 segundos. Com os abandonos de Carlos Sainz, que na última especial ficou com a caixa de velocidades do seu Escort bloqueada, e de Colin McRae, Mäkinen cavou um fosso na geral do Mundial de 33 pontos sobre o piloto espanhol, o seu mais direto rival na luta pelo título.
Com efeito, o finlandês venceu o rally seguinte, o da Austrália, e sagrou-se pela primeira vez Campeão do Mundo quando ainda faltavam disputar os dois últimos rallies, San Remo e Catalunha, que foram ganhos por Colin McRae. Desde 1991 que o título só se decidia na última prova, mas com a entrada em cena de Mäkinen este impôs novas maneiras de reinar e manteve a coroa durante quatro anos consecutivos.




 Pos  Nr  Driver/Car  Nat   Gr  Time  Pen. 
 1st  7  Makinen, Tommi
 Mitsubishi Lancer Evo III
   FI   A8    4h 04m 13s    --:-
 2nd  11  Kankkunen, Juha
 Toyota Celica GT-Four (ST205)
   FI   A8    +46s    --:-- 
 3rd  17  Kytolehto, Jarmo
 Ford Escort RS Cosworth
   FI   A8    +2m 27s    --:-- 
 4th  16  Gronholm, Marcus
 Toyota Celica GT-Four (ST205)
   FI   A8    +2m 42s    --:-- 
 5th  2  Eriksson, Kenneth
 Subaru Impreza 555
   SE   A8    +3m 22s    --:-- 
 6th  12  Radstrom, Thomas
 Toyota Celica GT-Four (ST205)
   SE   A8    +4m 09s    --:-- 
 7th  15  Lindholm, Sebastian
 Ford Escort RS Cosworth
   FI   A8    +5m 17s    --:-- 
 8th  8  Lampi, Lasse
 Mitsubishi Lancer Evo III
   FI   A8    +12m 01s    --:-- 
 9th  14  Madeira, Rui
 Toyota Celica GT-Four (ST205)
   PT   A8    +16m 34s    --:-- 
 10th  33  Medeghini, Angelo
 Subaru Impreza 555
   IT   A8    +18m 28s    --:--

quarta-feira, 21 de março de 2012

SEAT IBIZA GTI EVO II

T. Gardemeister / P Lukander
Rally de Monte Carlo 1999



A Seat regressou à competição do mais alto nível após uma ausência de quase vinte anos. Os resultados não se fizeram esperar porque com o Ibiza obteve o título de marcas na categoria de 2 litros três anos consecutivos. Toni Gardemeister, um finlandês que se impôs nas categorias inferiores e se estreou no Mundial com 23 anos, foi uma peça importante nos êxitos da marca, tal como o seu companheiro Harri Rovanperä.
Em 1996 a marca espanhola decidiu voltar a participar no Mundial de Rallies, após um afastamento de dezoito anos do Campeonato do Mundo. Para trás ficava o precedente dos Zanini e Cañellas que conduziam os populares «táxis», isto é, os 1430-1600, mais conhecidos pelas siglas FU, com os quais inclusivamente subiram ao pódio no Rally de Monte Carlo. A Seat regressou à competição no Rally de Portugal de 1995 com o Ibiza 1.8 16V do Grupo A. Fê-lo com dois carros, um deles, do Grupo A, pilotado pelo alemão Erwin Weber, que dispôs de um motor de 1.8 litros passado a 2 litros, com 16 válvulas e 240cv de potência. Antonio Rius pilotou o mesmo carro, mas com menor preparação (140cv), no Grupo N. No ano seguinte a marca enfrentou um desafio mais ambicioso ao inscrever no grupo 2 litros do Mundial o Ibiza Kit Car. Tratava-se de um carro leve e potente, com uma cilindrada de 1984cc, que atingia a potência máxima de 250cv às 7800 rpm e que pesava apenas 930 quilos, o mínimo estabelecido pelo regulamento.


Nos três primeiros anos (1996, 1997 e 1998) a Seat competiu na categoria de 2 litros, carros só com duas rodas motrizes, com o Ibiza Kit Car e o êxito foi total: sagrou-se campeã de marcas em todas essas temporadas, venceu 14 provas e subiu ao pódio 31 vezes.
Ainda em 1998, enquanto competia e obtinha o seu terceiro título mundial de 2 litros, a Seat entrou na categoria máxima do Mundial com o Córdoba WRC, um carro de tração às quatro rodas que se estreou na Finlândia em Agosto e participou nas últimas provas do ano para ir ganhando rodagem. O finlandês Harri Rovanperä e o catalão Oriol Gomes foram os pilotos desses três anos.
Em 1999 a Seat realizou o seu primeiro Mundial completo na categoria máxima com Rovanperä e o italiano Piero Liatti. Na primeira prova, Monte Carlo, em Janeiro, a marca espanhola fez história ao obter o seu primeiro scratch (melhor tempo num troço), no famoso Col de Turini, graças a Harri Rovanperä. Na Nova Zelândia, em Julho, subiu pela primeira vez ao pódio graças ao terceiro lugar obtido pelo finlandês Toni Gardemeister, que nesse rally substituiu Liatti. O ano acabou com a Seat de novo no pódio porque Rovanperä terminou o Rally da Inglaterra no terceiro lugar.
Em 1999 a Seat recusou inscrever qualquer carro na categoria de 2 litros e por isso não pôde lutar pelo título. Porém, isso não foi obstáculo para que Toni Gardemeister liderasse a geral do grupo, com um Ibiza da equipa italiana Astra, após os abandonos dos Citroën oficiais. Gardemeister, um finlandês precoce, pois estreou-se no Mundial com apenas 23 anos, iniciou-se nos rallies em 1993 ao volante de um Opel Ascona. No ano seguinte sagrou-se Campeão Júnior do seu país, título que repetiria em quatro ocasiões consecutivas (de 1995 a 1998), mas já na categoria absoluta. Em 1998 chegou como piloto à Seat depois de ter participado em várias provas de diferentes campeonatos com a Nissan, Ford e Lancia.


Protejido por pilotos míticos como Juha Kankkunen ou Tommi Mäkinen, Toni Gardemeister espantou todos os admiradores desta modalidade do seu país na sua primeira participação como júnior num rally (em 1993, com um Opel Ascona) ao derrotar outros pilotos de qualidade, como Harri Rovanperä ou Tapio Laukkanen. Nessa categoria obteve sete vitórias nos dois anos seguintes antes de se estrear no Mundial, no grupo de 2 litros. Foi no seu país, no Mil Lagos de 1996, ao volante de um Opel Astra GSI 16V. Mas não conseguiu terminar a prova. No entanto, no ano seguinte, com um Nissan Sunny GTI, redimiu-se, ficando em terceiro do seu grupo e em décimo segundo da geral o que, além disso, lhe daria o título do seu país.
Em 1998, quando chegou à Seat, a Nissan tratou de o contratar para 1999, mas a decisão surpreendente da firma japonesa de abandonar a competição deixou-o sem equipa. Os seus bons contatos e o seu savoir faire voltaram a abrir-lhe as portas da Seat, o que o ajudou no Campeonato de Inglaterra, que Gardemeister acabou por vencer. Seis meses depois de triunfar no seu grupo em Monte Carlo deu um salto qualitativo ao ficar em terceiro no Rally da Nova Zelândia. Desta vez na categoria máxima, com um Córdoba WRC.
Nos finais de 2000 chegou a decisão da marca de abandonar o Mundial. Gardemeister, quarto nesse ano em Monte Carlo, pilotou na temporada seguinte pela Peugeot e pela Mitsubishi e a partir de 2001 tornou-se piloto oficial da Skoda. A verdade é que o Monte Carlo foi uma excepção numa temporada, à parte o terceiro lugar de Auriol no Quénia, que acabou por ser muito azarada para a Seat e para os seus pilotos. Gardemeister, por exemplo teve que abandonar em nove provas.


Pos.
#
Entry
Car
Team
Gr.
Cat.
Time
Penalty
Diff.
Diff. pr.
Km/h
s/km
1.
14.
#24
Gardemeister, Toni - Lukander, Paavo
Seat Ibiza GTi 16V Evo2
A7
5:53:50.3
72.0
2.
17.
#38
Maselli, Andrea - Arena, Nicola
Renault Clio Williams
A7
2L
5:58:30.9
0:10
+4:40.6
+4:40.6
71.1
0.66
3.
22.
#39
Rouit, Patrice - Lamy, Dominique
Citroen ZX 16S
A7
6:14:43.1
+20:52.8
+16:12.2
68.0
2.95
4.
33.
#36
Jaussaud, Bernard - Bertrand, Alain
Renault Clio Williams
A7
2L
6:34:21.7
+40:31.4
+19:38.6
64.6
5.73
5.
39.
#37
Bosse, Peter - von Skopnik, Andreas
Opel Astra GSi 16V
A7
6:48:07.5
+54:17.2
+13:45.8
62.4
7.67
6.
44.
#41
de Castelli, Mickael - Robinet, Michel
Peugeot 205 GTi
A7
7:04:53.6
1:20
+1:11:03.3
+16:46.1
60.0
10.04