Manx International Rally 1978
T. Pond / F. Gallagher
Em Inglaterra, a paixão pelo automobilismo existe desde os inícios da competição. A questão da insularidade não foi um obstáculo e pilotos e marcas ingleses destacaram-se sempre nas competições do mais alto nível em qualquer uma das modalidades deste desporto. Contudo, é nas provas nacionais e locais que se vive o verdadeiro espírito desse desporto. Daqui, desta base popular, surgiu Tony Pond, um piloto que desenvolveu a sua carreira entre as décadas de 1970 e 1980 e que atingiu o auge no RAC Rally de 1985, no qual ficou em terceiro. Com o Triumph TR7 V8 obteve duas das suas três vitórias no Manx International Rally.
Ao longo dos anos, as marcas de automóveis britânicas cultivaram um prestígio nas diferentes áreas de competição; Fórmula 1, rallies ou provas de resistência. A história do desporto automóvel ficou marcada por nomes como Aston-Martin, Jaguar, MG ou Austin-Healey. Existe uma cultura muito enraizada do motor nas Ilhas Britânicas e qualquer prova local é um bom exemplo de participação e entusiasmo. O expoente máximo na modalidade de rallies é o RAC Rally, prova que tradicionalmente encerra o Mundial. No entanto, ao longo do ano são inúmeras as provas que se disputam e que gozam de boa saúde graças precisamente à grandeza da paixão britânica. As marcas não se deixam ficar para trás das organizações nem dos fãs. É considerado um dever patriótico introduzir os seus modelos no mundo competitivo, mesmo que a orientação da empresa não siga esse caminho. A Triumph não foi uma excepção e a sua história de triunfos na competição iniciou-se na década de 1950 com o TR2. Mais tarde verificou-se uma longa paragem que foi interrompida em Outubro de 1975, quando a Leyland Cars anunciou o regresso oficial à competição com o TR7 V8, cuja produção manteve de 1975 a 1981, para disputar todas as provas do Campeonato Britânico do ano seguinte.
Fá-lo-ia com três carros e avançou os nomes dos pilotos: Tony Pond e Brian Culcheth.
Talvez tenha sido uma decisão precipitada e houve um entusiasmo excessivo aquando do anúncio oficial. O fato é que a estreia ocorreu quando o campeonato já começara, no Rally de Gales, e resultado não foi o esperado, pois nenhum dos três carros terminou a prova. Foi na terceira prova em que o TR7 V8 participou, no Isle of Manx International Trophy, que se alcançaram o terceiro e o quinto lugares, coincidindo com a estreia de uma nova caixa de cinco velocidades. Antes demais, o Triumph TR7 V8 não ficou na História como um carro fácil de conduzir, mas Tony Pond soube extrair-lhe todo o rendimento. Rob Arthur, o co-piloto de Pond, explicou bem o comportamento do carro: «Quando se saltava, nunca se sabia onde se ia aterrar; não se via nada. De uma coisa ninguém duvide: era precisa muita coragem para o conduzir.» E disse acerca de Pond: «Sabia sacar sempre dez por cento a mais do que os outros sem precisar de arriscar.»
Tony Pond tornou-se uma lenda na ilha de Man ao ganhar duas edições do Manx International Rally, em 1978 e 1980 com o Triumph TR7 V8, e repetir em 1981, nessa altura com um Vauxhall Chevette. Nascido em Hillingdon, a oeste de Londres, a 23 de Novembro de 1945, Pond chegou ao coração dos seus compatriotas e ao auge da sua carreira de piloto no RAC Rally de 1985, quando acabou em terceiro com o seu Metro 6R4 atrás dos potentes Delta S4 de Henri Toivonen e Markku Alen. Tanto o Metro como o Delta estrearam-se nessa prova no Mundial.
Contudo, dez anos antes Pond já era conhecido, mais do que pela sua figura corpulenta e pelo seu grande bigode, pelas suas vitórias em rallies sul-africanos ao volante de Chevrolet. Em 1975, na sua segunda participação no RAC Rally (estreara-se no ano anterior com um Opel Ascona mas teve que abandonar), terminou num brilhante quarto lugar. Nessa ocasião pilotava um Opel Kadett GT/E. O seu prestígio foi aumentando com o quarto lugar no Rally de San Remo de 1979 com um Talbot Sunbeam Lotus e com o terceiro lugar no pódio do Tour de Corse de 1981, então com um Datsun Violet GT.
Os fãs britânicos gostavam dele pela sua simplicidade, que nunca ocultou e da qual por vezes até se vangloriava, e também pelos seus dotes ao volante, o seu desejo de vitória e a sua regularidade, que o colocaram muito perto dos melhores da especialidade. Zeloso da intimidade da sua vida familiar, deixou a competição quando a FIA decidiu abolir os carros do Grupo B em 1987. Faleceu em 2002 devido a um cancro, aos 56 anos, na sua casa da ilha de Man.
Quando em 1976 a British Leyland lhe propôs ser piloto oficial do Triumph TR7 V8, Pond tinha 30 anos. Para ele, o orgulho de pilotar um carro inglês era mais importante do que a tentadora oferta que a Fiat lhe fez em 1978 para integrar a sua potente equipa. Alegou que não estava disposto a conduzir um carro com o volante à esquerda, o que enalteceu o patriotismo britânico. A sua reputação esteve sempre acima dos seus resultados. Pond entregou-se de corpo e alma à British Leyland; não era apenas piloto da equipa, mas também era a atração nos salões e exposições automobilísticas ou desenvolvia os MG para pilotos amadores. Com um Rover 800 Vitesse rodou a mais de 160km/h pelas estreitas estradas da ilha de Man durante a disputa da competição motociclista. Vivia para os motores e caracterizou-se sempre por um grande entusiasmo.
Em 1978, quando Pond o venceu pela primeira vez, o Manx Rally fazia parte da primeira edição do Tarmac Championship, competição britânica que agrupava vários rallies. Nessa altura, o maior rival de Pond e do seu co-piloto Fred Gallagher Foi Hannu Mikkola, que liderou a prova com o seu Escort RS 1800 até que partiu a direção num troço nocturno. Pond assumiu a liderança e acabou por triunfar à frente do Escort RS 1800 de John Taylor, que dessa forma assegurou a vitória absoluta do campeonato. A terceira posição foi para Brian Nelson e para o seu Porsche Carrera.
1º 2º 3º | Tony Pond Jonh Taylor Brian Nelson | Fred Gallagher | Triumph TR7 Ford Escort RS 1800 Porsche Carrera |
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